Que se cale a Primavera!
Que desapareçam as flores!
Que adormeça a minha espera
Por um mundo sem cores!
Chega o negro do meu luto!
Basta o vermelho do meu furor!
Que morra de vez o defunto!
Que se cale a minha dor!
Desapareçam, memórias!
Desvaneçam, visões!
Rejeito as tuas glórias
Se as guardas em caixões!
Que se cale a tua voz!
Que rebente a minha cabeça!
Se até na morte me roubas a vida,
Que também ela anoiteça!
Que cessem os sonhos
Se eu tiver que te rever!
Que sufoque esta angústia
Que se cale o amanhecer!
Sucumbe, ó Primavera!
Escurece, ó lírio!
Que acabe a minha espera...
Que se cale este martírio.
(Poema contido na obra Detrás da Sombra)
Há 20 horas
Um comentário:
O eterno desassossego conduz-nos a uma procura constante e compulsiva da verdade que pensamos desconhecer.
Abraço
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