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Livro "Detrás da Sombra" Em Ebook

quinta-feira, 4 de junho de 2009

.Click

Click. E tudo se foi.
Os barulhos da noite,
As sombras do monte,
Os sussurros embriagados
Dos idiotas que me assolam a janela,
Das amantes que sopram cada vela
De cada ano meu de malfazer.

Click. E tudo realmente se foi.
Os reflexos em vidros ocultos,
A berraria dos putos,
Os linguarejares mudos
Dos que partilham cusquice alheia,
Dos que se encostam à beira
Da estupidez do maldizer.

Click. E tudo acabou.
Os banhos tépidos de Sol,
A cacofonia da urbe
Em Si bemol,
Os desvarios do costume,
Os incómodos do costume.

Click. E todo o meu ser se apagou.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

segunda-feira, 1 de junho de 2009

.Preto no Branco

De que cor são as palavras que nos meus lábios se ressecam,
Que nem a água de nascente que se perdeu entre rochedos?
De que cor são as ânsias que no meu íntimo se atropelam,
Como os grãos de areia com que a brisa cobriu penedos?

De que cor são as raízes quadradas, as vidas quebradas,
as cartas rasgadas, e as noites passadas ao relento,
Imaginando que um dia virias para me buscar?
Da mesma cor que ficou a outra face da Lua quando me confessou
que partiste, e nunca mais irias voltar.

De que cor são as verdades que no teu coração calas,
Ou as mentiras infrutíferas em que te consomes?
De que cor são as mágoas que bem no fundo guardas?

De que cor é a terra para onde foste,
Em que o dia é mais longo do que triste,
E a noite não é escura o suficiente
Para esconder as sombras da tua humanidade,
Se é que para as sombras já não é muito tarde!?

De que cor é o furor que em mim resiste,
Por não poder dizer que desististe,
E que por entre laivos de amor,
Percebeste que não há cor que o defina,
Se é que ainda ele te invade!?

Negra. Negra é a minha dor!
Negra como a pele que me veste de pudor.
Não negra o suficiente para esconder a tua culpa pálida,
a tua justiça inválida, ou o sentimento que me negaste
a cada declaração, a cada rejeição.

Porque eu estou certo e tu não.
Porque tu és miserável e eu não.
Diz-me agora qual é a cor da razão.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

terça-feira, 26 de maio de 2009

.A Rampa

Muitas pessoas param a meio. Outras sobem, outras descem, todas elas alegres por ouvirem o som dos seus pés a pisar o chão ritmicamente; muitas delas alheias, mesmo que temporariamente, ao que tal implica. Algumas tropeçam, firmando com sangue, lágrimas ou esgares de vergonha a prova da sua passagem. Há quem desdenhe as pedras mal colocadas, demasiado em baixo ou em cima, ou tão afastadas que os espaços entre si são para os saltos altos aquilo que um abismo é para um suicida (no entanto, continuariam a desdenhar se as pedras simplesmente não existissem). Muitos passam chorando pela morte de alguém amado... ou pela morte da sua dignidade. Outros sorriem, felizes, ignorantes, juvenis. Poucos a entendem verdadeiramente, poucos reconhecem a magnitude da sua simplicidade. Apesar disso, todos sabem o que ela é e por isso a percorrem. Na maior parte das vezes, fazem-no inconscientes de que quanto maior a subida, mais terão que descer. Quanto maior o salto, mais feroz a queda. Porque ela deve ser percorrida pedra por pedra, pé ante pé, entre os ruídos da cidade e os da mente. Enfim, a rampa está destinada a toda a gente.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

.O preço da mentira

Vejo os sorrisos vagos,
O gesto próprio dos fracos,
Enquanto murmuram que a guerra acabou.

Ouço a tremura na voz,
Enquanto conversam a sós,
E desfrutam do pão que o Diabo amassou.

Enumero mentira por mentira,
Nas falas mansas do dia a dia
E nos olhares vestidos de cobardia
Daqueles que pensam tudo menos o que dizem.

Conto pecado a pecado,
Enquanto se esvaziam os pratos
E se quebram os votos de honestidade
Como sendo a verdade heresia.

A guerra não acabou!
Não é finita, como se anuncia!
Grassa nas mentalidades,
Alimenta-se das falsidades
Que desde o almoço à liturgia,
Celebram a pequenez da humanidade!

A verdade, a verdade!
Coisa maldita que tantos invocam!
Poucos saberão o que ela implica,
Na sua rotineira insabedoria
E na ignorância que os abençoa
A cada gargalhada estridente!

"Ha! Ha! Ha!" - Detritos de gente!
Que se reclude em casas sem tecto,
Pensamentos sem nexo,
E escondem a carapaça
Com a cabeça a descoberto!

Mas quem está certo?
Quem é juiz?
Os honestos trabalhadores,
A vizinha Maria das dores,
Ou a mera meretriz?
Quem protege a veracidade
De cada palavra que diz?

Num mundo em que as sombras são a luz,
A noite é maior que o dia,
E a existência é uma freguesia
Sem moradores de permanente estadia,
Qual a ponte entre o real e a utopia?
Qual o elo entre a verdade e a vida?

Oh, que me tirem daqui!
Protejam-me de mim!
Pois tudo isto digo em vão,
Num esforço para alcançar o vento
E calar esta inquietação.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

.Súplica Tardia

É como se não mais estivesse aqui
Sim, na neblina eu desapareci
Perdido na incerteza de palavras não ditas,
De verdades malditas, e de olhares piedosos
Que atestam a secura dos meus lábios,
Oh, tristes lábios.

É como se já não fosse completo;
A minha alma é um deserto.
Esquecida entre promessas de mudança,
Suspiros sem esperança, e lágrimas
Que cobram o meu sangue,
Oh, doce sangue.

Mas eu estou aqui
Ninguém me vê, mas nunca parti
Que o solo comprove a minha fúria,
Os céus, os meus clamores,
E o mar, as dores que tentei afogar
Aos meus pés.

Eu estou aqui, eu estou aqui
Entre escombros daquilo que vivi
Por entre sussurros de escarnecer,
Ódio e desconfiança;
Lá se foi a bonança, junto com
A vontade de viver.

No fio da navalha,
No gume da espada,
À beira do abismo;
Apenas o vejo porque o sinto!

Consumido pelo fogo,
Gelado pela frieza,
Cegado pela clareza
Da realidade... ou do absinto.

Eu estou aqui, eu estou aqui
Mas a mim mesmo perdi
Quando fiz com que me perdessem a mim.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

domingo, 10 de maio de 2009

.Dúvidas do ser

Diria que é por instinto,
Ou acusaria a vontade.
Qual deles a verdade?
Qual deles é o que sinto?

No berçário das ideias,
Na nebulosa do pensar,
É o vento que, ao soprar,
Me diz o que a alma anseia.

E a verdade é uma só,
Infinitamente singular:
A vontade surge por instinto.

E as duas dão o nó,
E me enlaçam em pesar
Por assim se esvaziar a lua cheia.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra e musicado por Joel Costa, Carolina Segundo e Diogo Pinto)

.Ultimato

Que se cale a Primavera!
Que desapareçam as flores!
Que adormeça a minha espera
Por um mundo sem cores!

Chega o negro do meu luto!
Basta o vermelho do meu furor!
Que morra de vez o defunto!
Que se cale a minha dor!

Desapareçam, memórias!
Desvaneçam, visões!
Rejeito as tuas glórias
Se as guardas em caixões!

Que se cale a tua voz!
Que rebente a minha cabeça!
Se até na morte me roubas a vida,
Que também ela anoiteça!

Que cessem os sonhos
Se eu tiver que te rever!
Que sufoque esta angústia
Que se cale o amanhecer!

Sucumbe, ó Primavera!
Escurece, ó lírio!
Que acabe a minha espera...
Que se cale este martírio.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

.Fui

Fui leito de rios
E rir não consegui.

Fui escravo de sorrisos
E sorrir não pude.

Fui braço direito
E o esquerdo perdi.

Fui mais que perfeito;
Que o futuro mude.

Fui tudo aquilo que não foste para mim
E estou aqui.

Fui a água que bebeste na secura da aflição
E sobrevivi.

Fui consolo quando choraste em segredo
E eu bem vi
Quando o espelho das tuas lágrimas
Só te reflectia a ti.

Fui tudo e sobretudo fui eu que consegui
Que tudo aquilo que tinha se tornasse o que perdi
Quando o som do meu secreto meditar
Se perdeu por entre a tua súplica vulgar.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

.Poço

De olhares foram feitas as medidas do poço,
Em segredos se mergulhou a água.
Pedra sobre pedra se construiu.
Pedra por pedra ele partiu.

O húmido estremecer sufocava o medo,
Calava-se a ânsia pelo ar.
Tempo a tempo se revelou.
Todo o tempo ele procurou.

O ouro rebrilhava na secreta noite,
O dourado sangrava do olhar.
Por ganância a matança sagrou.
Por ganância ele expirou.

No fundo do poço.
Ainda lá estou.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

.Dormente

De olhos bem fechados.
De lábios calados à verdade.
Dormente… Por fim, dormente.
Ao som do bater da chuva.
Ao ritmo do placebo.
Aqui. Eu estou aqui.
Encontra-me.
Acorda-me.
Ama-me.
Eu espero.
De olhos bem fechados.
De lábios calados à verdade sobre ti.
Dormente… Desde que te vi.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

domingo, 26 de abril de 2009

.Parte de ti

Procura-me debaixo das nuvens que choram a distância,
No canto das ondas que lavam a tua recordação.
Procura-me nas palavras não ditas que ouviste,
No resmungo miúdo da madeira que o fogo consome.

Procura-me nas cortinas que te afastam do real,
No espelho quebrado que justifica o teu pesar.
Procura-me nas superstições malditas que tens,
Procura-me por magia, mas aí não me acharás.

Procura-me pelo rasto de pedras que deixei,
Por detrás dos muros que nos separaram dantes.
Procura-me nos rostos magoados dos transeuntes,
Nos pratos corroídos de onde ninguém come.

Procura-me na música desafinada que escutas,
Procura-me no sopro e nas teclas, até na voz;
Procura-me na sombra de objectos que não vês,
Procura-me na calçada, mas aí não me acharás.

Procura-me até te cansares de me procurar,
Pois em lugar nenhum eu me encontro.
No confronto entre a verdade e o querer,
Hás-de saber que é em ti que me vais achar.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

sexta-feira, 24 de abril de 2009

.Paredes

Paredes cheias
Da minha vida e da tua.
Paredes feitas de rua,
Minhas sem me pertencer.

Paredes ocas,
Sem o teu peso, minha altura;
Paredes de fina amargura,
Que me prendem sem me conter.

Paredes vãs,
De sua cor descoroadas.
Paredes por mim amadas,
Por te reflectirem sem te ver.

Paredes de vidro,
Que me aquecerão se te perder.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

.Segredos da Noite - Parte II

Noites que não dormem,
Dúvidas que não morrem
E a ansiedade crescente
Por um amanhecer que se distancia
E com ele te arrasta
No seu vagar sabático...
No seu esperar errático.

Temores que não falam,
Segredos que não calam.
E o canto sibilado,
Por entre as silvas do campo,
De um vento que te avilta
Com o seu sopro dramático
Sobre o teu corpo estático.

Marés negras de aflição;
A ti pertence a solidão
E a mágoa dissimulada,
Apesar da alva que não tarda,
Pela chama da tua voz,
No seu furor enfático,
Pelo seu fado catártico.

Amor desabrochando em flor,
Espinhosa como a tua dor.
Insuficiente para deter
A incerteza do teu olhar
Que vagueia na noite e se perde
No negrume anárquico...
No teu meditar selvático.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

.Maré

Olímpica maré,
Inunda a fonte do teu degredo,
Inibe a luz do teu medo,
Também meu em segredo;

Erode a terra que te sugou,
Comanda a Lua que te humilhou,
Mesmo quando se apagou;

Rasga o esboço do Iluminador,
Ondula nos escombros do furor,
Do teu insensível despudor;

Afunda aqueles que te pisam,
Destrói os ventos que te assobiam,
As fronteiras que te limitam;

Esquece o solo, pois és mar;
Entre Zeus e Deus, és ímpar,
Maré luzente ao luar;

De poderosa força é o teu mal,
O teu inquieto brilho é fatal;
Serás tu, maré, real?

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

sábado, 11 de abril de 2009

.Corredor da Morte

Andava pela estrada, passos sincopados e fúnebres. O silêncio enfurecido desenhava-lhe rugas nos lábios cerrados. Continha a custo o grito que lhe ressoava na mente, mas ter como única resposta o eco repetitivo da sua voz doía-lhe mais do que olhar em volta e descobrir a vastidão do vazio que sentia. Ninguém diante de si, ninguém ao seu lado ou atrás, pedindo-lhe para recuar, para esquecer a mágoa acesa que lhe sussurrava blasfémias. Apenas ela e a estrada, apenas o negro do alcatrão e o vermelho da sua camisa ensanguentada, com pingos de culpa manchando-lhe a consciência e as mãos que no passado controlava. E o silêncio… Não se atreveu a quebrá-lo.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

domingo, 5 de abril de 2009

.Descontrolo

Adormecidos sentidos
Pecados cometidos
Murmúrios inconscientes
Memórias dormentes

Sorrisos vazios
Abafados desvios
Consciências ausentes
Sombras crescentes

Razões dispersas
Acções adversas
Segredos em ilusão
Lágrimas sem coração

Adormecidos sentidos
Pecados esquecidos
Confissões pendentes
Mágoas suplentes

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

sábado, 14 de fevereiro de 2009

.A Paz

Dir-te-ei que sim,
Quando me pedires "não",
E na prolongada noite
Que se afoga no horizonte
Vires reflectida a mão
Que em ti tocará.

Dar-te-ei os mares,
Quando tocares o chão,
E na delicada beleza
Escondida na Natureza,
Vires florescer a paixão
Que perdurará.

Derreterei o real,
Quando me pedires ilusão,
E à luz da ignorância,
De falsa irrelevância,
Vires nascer a verdade,
Que em ti brilhará.

Dar-te-ei o céu,
Quando procurares a razão,
E no sorrir dos teus lábios,
Contraídos, mandatários
Vires surgir as asas
Com que a paz voará.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra e musicado por Joel Costa, Carolina Segundo e Diogo Pinto)

.Laços

Pendentes, inconstantes;
Perdidos num espaço que os ignora,
No tempo que voa parado,
Sem asas de salvação.
Laços... Maldição.

Urgentes, clamantes;
Holográficos pedaços de viver,
Que a memória não esquece,
Mas a visão não alcança.
Laços... Desconfiança.

Crescentes, gritantes;
Poderosa força invisível,
Dominadora do Homem,
Pecadora de origem.
Laços... Vertigem.

Cruéis, farsantes;
Delírios da mente inconstante,
Sombras de paixão,
Ou mágoa que perdura.
Laços... Tortura.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

.Ausência

Pedaços de maré lavam os meus pés,
Lágrimas do céu escorrem em mim,
Mas não te sinto aqui.

O sopro da ventania me arrasta,
A areia mais que corta, desgasta,
Mas não te sinto aqui.

A tempestade cresce em esplendor,
Negra a noite, negro seu vigor,
Mas não te sinto aqui.

O trovão dá luz ao meu pecado,
O seu som é o meu grito abafado,
Mas não te sinto aqui.

A espera já não tem compasso,
A circunferência é o meu laço,
Mas não te sinto aqui.

O som do silêncio ensurdece,
A noite se prolonga, e arrefece
... Porque tu não estás aqui.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

domingo, 1 de fevereiro de 2009

.Segredos da Noite

Um sentimento carnal,
De medo ou fachada.
Mal amada morte que espera por mim.

Um arrepio banal,
Ou ilusão plantada.
Inculcada dúvida pelo porvir.

Um gesto que sorri,
Uma mão fechada.
Passadas que violam o solo do qual vim.

Um olhar em falso,
Um toque de fracasso.
Corpo contra a mente, luta sem fim.

Um braço erguido,
Cinco dedos vibrantes.
Um punhal sedento do coração de Caim.

Um penetrar falhado,
Um pavor inesperado.
Misericórdia de um deus que esqueci?

Um anoitecer já ido,
Um ensolarar destemido,
Perdido punhal num abismo que não vi.

Um semblante lacrimejado,
Espírito que amanheceu chocado,
Suicidado o desejo de se matar, a si.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

.Impossível

É impossível dizer não às paredes que caem,
Conter o sopro do vento austral.
Conter o sopro da vida...

É impossível quebrar as massas de água,
Roubar as gotas aos rios.
Roubar as lágrimas aos olhos...

É impossível iluminar as sombras,
Caminhar sobre o nada.
O nada que em mim reside...

É impossível tocar o firmamento,
Apagar as estrelas.
Apagar o vazio...

É impossível ver esperança quando a chuva não pára.
É impossível amar quando o frio corta as palavras.
Silêncios vagarosos, olhares inseguros...
É impossível desejar um corpo de sangue impuro.

É impossível olhar para o alto quando não é alta a vontade de ver. A verdade magoa a visão de uma realidade que sem nos pertencer, será sempre nossa.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Look at me (letra)

Look at me
Look at me deep inside
Look at me

Look at my craving shadow that no one sees
Find it in the rain, trying to be washed away
Look at me, look at me in the night

Find me here
Find me and bring me back
Find me here

Find me in the lonely forest of my dreams
Wake me from death, to live the life I’ve left
Oh, find me here, find me and help me

Or I’ll just go, I’ll fade
Into this shade of black that no painting bears
I’ll leave, incomplete
Not knowing what it means to feel relief
As the freedom bell ceases to ring

Let me breathe
Let me breathe in the air
Let me breathe

Feel the scent of these dead red roses lying here
Touch me with hope again, warm the winter of my head
Let me breathe, don’t let me in despair

Or I’ll just go, I’ll just fade
Into this shade of black that no painting bears
I’ll leave, incomplete
Not knowing what it means to feel relief
As the freedom bell ceases to ring