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Livro "Detrás da Sombra" Em Ebook

domingo, 14 de dezembro de 2008

.Memórias

Escrevi as minhas memórias
Em pétalas de rosas mortas;
Histórias de um passado
Que não reconheço ser meu.

Desenhei-as, imperfeitas,
Num quadro sem imagem;
Maleitas da consciência,
Que recusa ver o que perdeu.

Sonhei com elas sem saber,
Acordei vibrante pelo temor.
Percebi que as minhas memórias
São mero espectro incolor.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

.Illusion Mortelle

Un instant. Une vision.
Une femme. La plus belle illusion.
Un bâton rouge comme le sang ;
C’est chaud, c’est feu.

Un cœur bat plus fort
Le désir trouble les yeux.
Une main. Deux mains.
Un bisou crée la tentation.

Un instant. Une vision.
Une séduction doucement dangereuse.
La femme est la mort.
Tu es l’illusion.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

.Crying River

A crying river lies here,
A watery soul that I see.
A resonant pain I can hear,
In the solitude of its tears.

An echoing rage flies high,
With the stream that evades and then rains,
To reunite with the screaming earth,
Feeling dead, but giving birth.

My reflection I can't see,
In the crying river that lies here.
Darkened by agony, by vanished desires,
Left alone in the forest, its unrequested empire.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

.Esperança

A última folha cai,
E cai o dia sobre a mata.
A aurora incendeia o céu,
Sob o qual a terra reluz.

A última lágrima cai,
E cai a paz sobre o manso.
O olhar se perde na distância,
Na qual o horizonte se produz.

A última pedra cai,
E cai a muralha da vergonha.
O passo se apressa no espaço,
Onde o tempo urge, mas conduz.


A última noite cai,
E cai o luar sobre a face.
O caminho então torna-se claro;
O amanhecer novamente seduz.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

domingo, 19 de outubro de 2008

.Guerra

Tumultuosa é a multidão,
Na sua labutante luta.
Sonante é sua devassidão,
Sangue a vontade absoluta.

Tocam no céu as armas,
Rasgam as lanças o ar.
Entrecortam-se palavras,
Ecos do puro odiar.

Intensa é a corrida, veloz
Voa mais o passo que a mente.
A carnificina espalha-se, atroz
Espectro que envolve a gente.

Os tambores batem-se de dor,
Desaparece o sopro da flauta.
Quadro de tal guerra é incolor,
Perde o som a melodia na pauta.

Os corpos testemunham a morte,
Alienados do que antes foi vida.
Os olhos não se fecham à má sorte;
Observam sem ver a batalha perdida

...Numa guerra imerecida.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

Pontos de Vista

(Meu, ligeira edição)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

.Divagação

Cavalgadas galopantes,
Num ritmo arrastado.
Calores errantes
No Inverno que nos define.
Contradições do ser
Cuja inconstância é regime.

Olhares obtusos,
Na esfera quadrada da noite.
Silêncios difusos,
Na essência gritante do medo.
Manifestações do ser,
Evasões do seu segredo.

Corpos trementes,
Mãos erguidas em apelo.
Passos prementes,
Cabeça baixa em oração.
Hipocrisias do ser;
Humanidade apenas em aflição.
Manifestação da sua contradição,
Visão da mera ilusão.

A perfeição é irreal.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Horizontes...

(Da minha autoria, com ligeira edição)

.Por detrás da sombra

Por detrás da sombra que se arrasta,
Há uma luz branca que se afasta,
No corredor onde se desgasta o vagueante passo.

Por detrás da sombra que se levanta,
Sobe a noite que te espanta,
E que na escuridão em ti planta o medo devasso.

Por detrás da sombra que te segue,
Uma dor oculta é o que se ergue,
E que no teu instinto herege estará sempre segura.

Por detrás da sombra que desvanece,
O teu medo feroz refloresce,
E no negro que em ti cresce ecoa a voz da tua vida impura.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra e musicado por Carolina Segundo, Joel Costa e Diogo Pinto)

sábado, 20 de setembro de 2008

.Na profundidade do teu olhar

Na profundidade do teu olhar,
Descortino as nuances do teu pensamento,
Distanciado e desorientado;
Perdido nas mudanças que a maré traz,
No vaivém constante que lava o areal
Que pisas no teu passo arrastado.

Na profundidade do teu olhar,
Leio a pauta de uma melodia surda,
Cujas progressões são notas de dor,
Que com a tua voz, acaricias
No silêncio típico da tua filosofia
Em que te escondes por pudor.

Na profundidade do teu olhar,
Percebo a súplica nas tuas lágrimas
Que de sal cobrem a tua expressão.
Delas, se evaporam partes do teu ser
Presas num corpo que se atormenta,
À luz do luar que te ilumina em vão.

Na profundidade do teu olhar,
Queima-me a chama que te aquece
Na frieza da rotina que alimentas
E que te consome a cada badalada
Do relógio inquieto que te alarma
E guia na vida cujo vazio acalentas.

Na profundidade do teu olhar,
Vejo a efemeridade da tua paz,
Que te abandona na escuridão
E, na profundidade deste corredor,
Onde ao longe se estende o teu furor,
Troça de ti e te mergulha em solidão.

(Vencedor de um concurso literário e poema contido na obra Detrás da Sombra)

.Distância e Saudade

Distância e saudade...
Ambas escorrem pelas paredes,
Na imensidão de uma sala vazia,
Onde a tua presença não se acha
E o tempo, suave, não se exalta
Por não te ter conseguido trazer.

Distância e saudade...
A fórmula das minhas lágrimas,
Que na inércia da minha espera,
Lavam a esperança da minha face,
E o sorrir dos lábios que um dia,
Outrora, tocaram nos teus.

Distância e saudade...
Numa moldura, ganham forma.
Recordação tua, onde o teu olhar
Perdido no vagar da tua mente,
Na sua cegueira me procura.

Distância e saudade...
Uma janela que se fecha a mim,
Perante o cair das folhas de Outono,
No qual num sonho me pertenceste;
Mas agora me fazes buscar por ti.

Distância e saudade...
Nelas se guarda a tua memória,
Pintada de uma ilusória cor,
Onde o branco não é luz,
E negro é o meu amor.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)