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Livro "Detrás da Sombra" Em Ebook

sábado, 14 de fevereiro de 2009

.A Paz

Dir-te-ei que sim,
Quando me pedires "não",
E na prolongada noite
Que se afoga no horizonte
Vires reflectida a mão
Que em ti tocará.

Dar-te-ei os mares,
Quando tocares o chão,
E na delicada beleza
Escondida na Natureza,
Vires florescer a paixão
Que perdurará.

Derreterei o real,
Quando me pedires ilusão,
E à luz da ignorância,
De falsa irrelevância,
Vires nascer a verdade,
Que em ti brilhará.

Dar-te-ei o céu,
Quando procurares a razão,
E no sorrir dos teus lábios,
Contraídos, mandatários
Vires surgir as asas
Com que a paz voará.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra e musicado por Joel Costa, Carolina Segundo e Diogo Pinto)

.Laços

Pendentes, inconstantes;
Perdidos num espaço que os ignora,
No tempo que voa parado,
Sem asas de salvação.
Laços... Maldição.

Urgentes, clamantes;
Holográficos pedaços de viver,
Que a memória não esquece,
Mas a visão não alcança.
Laços... Desconfiança.

Crescentes, gritantes;
Poderosa força invisível,
Dominadora do Homem,
Pecadora de origem.
Laços... Vertigem.

Cruéis, farsantes;
Delírios da mente inconstante,
Sombras de paixão,
Ou mágoa que perdura.
Laços... Tortura.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

.Ausência

Pedaços de maré lavam os meus pés,
Lágrimas do céu escorrem em mim,
Mas não te sinto aqui.

O sopro da ventania me arrasta,
A areia mais que corta, desgasta,
Mas não te sinto aqui.

A tempestade cresce em esplendor,
Negra a noite, negro seu vigor,
Mas não te sinto aqui.

O trovão dá luz ao meu pecado,
O seu som é o meu grito abafado,
Mas não te sinto aqui.

A espera já não tem compasso,
A circunferência é o meu laço,
Mas não te sinto aqui.

O som do silêncio ensurdece,
A noite se prolonga, e arrefece
... Porque tu não estás aqui.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

domingo, 1 de fevereiro de 2009

.Segredos da Noite

Um sentimento carnal,
De medo ou fachada.
Mal amada morte que espera por mim.

Um arrepio banal,
Ou ilusão plantada.
Inculcada dúvida pelo porvir.

Um gesto que sorri,
Uma mão fechada.
Passadas que violam o solo do qual vim.

Um olhar em falso,
Um toque de fracasso.
Corpo contra a mente, luta sem fim.

Um braço erguido,
Cinco dedos vibrantes.
Um punhal sedento do coração de Caim.

Um penetrar falhado,
Um pavor inesperado.
Misericórdia de um deus que esqueci?

Um anoitecer já ido,
Um ensolarar destemido,
Perdido punhal num abismo que não vi.

Um semblante lacrimejado,
Espírito que amanheceu chocado,
Suicidado o desejo de se matar, a si.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)