Andava pela estrada, passos sincopados e fúnebres. O silêncio enfurecido desenhava-lhe rugas nos lábios cerrados. Continha a custo o grito que lhe ressoava na mente, mas ter como única resposta o eco repetitivo da sua voz doía-lhe mais do que olhar em volta e descobrir a vastidão do vazio que sentia. Ninguém diante de si, ninguém ao seu lado ou atrás, pedindo-lhe para recuar, para esquecer a mágoa acesa que lhe sussurrava blasfémias. Apenas ela e a estrada, apenas o negro do alcatrão e o vermelho da sua camisa ensanguentada, com pingos de culpa manchando-lhe a consciência e as mãos que no passado controlava. E o silêncio… Não se atreveu a quebrá-lo.
(Poema contido na obra Detrás da Sombra)
Há 19 horas
Um comentário:
Olá para ti também. -.-
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