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Livro "Detrás da Sombra" Em Ebook

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quinta-feira, 4 de junho de 2009

.Click

Click. E tudo se foi.
Os barulhos da noite,
As sombras do monte,
Os sussurros embriagados
Dos idiotas que me assolam a janela,
Das amantes que sopram cada vela
De cada ano meu de malfazer.

Click. E tudo realmente se foi.
Os reflexos em vidros ocultos,
A berraria dos putos,
Os linguarejares mudos
Dos que partilham cusquice alheia,
Dos que se encostam à beira
Da estupidez do maldizer.

Click. E tudo acabou.
Os banhos tépidos de Sol,
A cacofonia da urbe
Em Si bemol,
Os desvarios do costume,
Os incómodos do costume.

Click. E todo o meu ser se apagou.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)

terça-feira, 26 de maio de 2009

.A Rampa

Muitas pessoas param a meio. Outras sobem, outras descem, todas elas alegres por ouvirem o som dos seus pés a pisar o chão ritmicamente; muitas delas alheias, mesmo que temporariamente, ao que tal implica. Algumas tropeçam, firmando com sangue, lágrimas ou esgares de vergonha a prova da sua passagem. Há quem desdenhe as pedras mal colocadas, demasiado em baixo ou em cima, ou tão afastadas que os espaços entre si são para os saltos altos aquilo que um abismo é para um suicida (no entanto, continuariam a desdenhar se as pedras simplesmente não existissem). Muitos passam chorando pela morte de alguém amado... ou pela morte da sua dignidade. Outros sorriem, felizes, ignorantes, juvenis. Poucos a entendem verdadeiramente, poucos reconhecem a magnitude da sua simplicidade. Apesar disso, todos sabem o que ela é e por isso a percorrem. Na maior parte das vezes, fazem-no inconscientes de que quanto maior a subida, mais terão que descer. Quanto maior o salto, mais feroz a queda. Porque ela deve ser percorrida pedra por pedra, pé ante pé, entre os ruídos da cidade e os da mente. Enfim, a rampa está destinada a toda a gente.

(Poema contido na obra Detrás da Sombra)